O futebol apaixona e é comparável à vida: o sonho é o gol e a vitória; o gramado leva a tônica da esperança (o campo de batalha); os times são o sal, o açúcar e o colorido; e a bola, o instrumento de escrever a Poesia, aproveitando-se o tempo e o espaço.
Afirmo, sem dúvida, provido de incontestáveis argumentos (seria extenso relatar agora), estavam, em campo, depois de Pelé e Zico, os dois maiores talentos de todo o futebol: Ronaldinho e Neymar. É óbvio que a obra de Neymar ainda é pequena, mas é inegável o seu potencial: aposto as minhas fichas e faço minha profecia!
Observe que os craques são decisivos... Vamos ao jogo: 1° gol, um lançamento de Elano, Borges domina num só toque, toma o espaço (entrada da grande-área) e toca no canto esquerdo. O 2° gol: Renato erra um passe lateral, da esquerda pro meio (intermediária), interceptado na circunferência do grande-círculo, a bola cai nos pés de Ganso, que enfia para Neymar, este tenta encobrir o goleiro Felipe, que consegue desviar, mas Neymar faz acrobacias e toca, do bico da pequena-área, para Borges, que marca o gol (meta escancarada). O terceiro gol: Neymar sai da lateral esquerda (intermediária) passa no meio de dois adversários, tabela com Borges, recebe no meio de três adversários, investe verticalmente para cima do Zagueiro Angelin, puxa com a direita e com a perna esquerda dá o drible da vaca e toca na saída do goleiro e no meio de dois defensores, atrasados para fazer a cobertura (UMA PINTURA).
O jogo parecia estar decidido... Não existe vitória antecipada! No futebol moderno, não há lugar para vacilo, principalmente, se o time adversário tem Ronaldinho, que estava, tal qual Neymar, inspirado e levou a melhor.
1° gol do Flamengo: cruzamento rasteiro da direita, falham o goleiro e o zagueiro, na linha da pequena-área, Ronaldinho marca. O 2° gol: Léo Moura faz um cruzamento preciso da direita e Tiago Neves marca de cabeça, da linha da pequena-área. O 3° gol: Ronaldindo bate o escanteio do lado esquerdo do seu ataque, e Deivid raspa de cabeça, perto do bico da pequena-área (primeiro pau), a bola passa no ângulo direito do goleiro. Castigo pelo pênalti lastimável que Elano bateu (cavadinha) e perdeu, poderia ter sido o 4° gol do Santos.
O 4° gol do Santos: Neymar recebe uma bola (pela meia esquerda, entrada da grande-área) enfiada por Léo e toma a frente do marcador em velocidade, toca por cima, na saída do goleiro.
O 4° gol do Flamengo: Ibson perde a bola na intermediária direita de sua defesa (Willians a rouba), ela cai nos pés de Ronaldinho, no meio de três, sofre falta na entrada da área. Na cobrança, a barreira pula, e Ronaldinho toca por baixo dela no canto esquerdo. O 5° gol: Ganso amarra a bola, um pouco além do meio-campo (meia-esquerda), cercado por dois jogadores adversários, perde a bola, o Santos sofre o contra-ataque, a pelota cai nos pés de Tiago Neves perto da entrada da área do lado esquerdo do ataque, Tiago Neves espera Ronaldinho fazer a ultrapassagem e faz a assistência no tempo certo, e Ronaldinho recebe e toca no canto esquerdo do goleiro.
Lição, principalmente, para o Santos: mire-se no exemplo do Barcelona – posse de bola, passes certos, habilidade pra atacar, máximo empenho de todos na hora de defender, fechar os espaços e recuperar a posse de bola imediatamente, ocupar os espaços vazios o tempo todo, “correr o tempo todo”, não vacilar nem subestimar adversários. Isso serve para qualquer time.
A intermediária não é lugar pra demorar com a bola, a não ser que se parta em arrancada, coisa assim muito rara... Que ironia! O Técnico Murici diz que “a bola pune”... Tomar a virada depois de, ainda no primeiro tempo, fazer 3 a 0...
Foi um show de Neymar e outro de Ronaldinho. O Flamengo levou mais sorte, observando-se mais falhas do Santos, além do pênalti perdido, mas isso não tira o brilho da vitória do Flamengo (foi um excepcional jogo). E que os ventos continuem a soprar desse jeito, e Ronaldinho, um dos Poetas da bola (o maior dos contemporâneos), permaneça assim inspirado. Precisamos dele em 2014, e, é claro, de Neymar, o mais novo Poeta da bola.
João Lover
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