Sociedade
dos Poetas Mortos – um espelho para a poetização
Um
filme reflexivo, suscitando no homem o esquadrinhamento de si e da vida, mostra
o óbvio muitas vezes esquecido: tudo vai passar. É preciso aproveitar o dia, ou
seja, os momentos. Uma das frases marcantes do filme:“Carpie diem.” (Aproveite o dia.). O
professor Keating provoca a curiosidade dos alunos (jovens adolescentes) em relação
à poesia, essência, indefinível, encantadora. Busca-se vivenciar uma “Sociedade
de Poetas Mortos”, que faria renascer a fluência poética.
Um pouco da história
Um colégio de moldes
tradicionais. Inicia-se o filme com a chegada dos alunos, todos começam a se
conhecer. O diretor faz um discurso evidenciando o estabelecimento e apresenta
o slogan:
tradição, honra, disciplina, excelência; também é apresentado o novo professor
de Literatura, o Sr. Keating.
Num primeiro contato com
os alunos, o professor Keating (Oh! Capitão, meu Capitão) convida-os ao mural a
observarem fotografias de antigos alunos. Lembra que todos aqueles já morreram
e que possuíam sonhos, esperanças, hormônios etc., como os que ali estavam
agora. Surge uma frase importante: “Carpie diem” (Aproveite o dia).
Na primeira aula, abre-se
o livro na página da introdução (livro de J. E. Pritchard – PhD), o Professor
pede que os rapazes leiam. Trata-se da medição do poema, segundo dois aspectos:
perfeição e importância, um dos alunos lê: “... para se compreender um poema é
preciso dominar as rimas, figuras de linguagem (...) é preciso saber como o
objetivo do poema é expresso e qual a importância dele...”. E, por meio de um
gráfico, pode-se medir o poema numa perpendicular, cuja linha vertical é a
importância e a horizontal a perfeição. “Excremento”, diz o professor, os alunos
tomam um impacto, e ele continua: “Vocês devem aprender a pensar por si, suas
ideias poderão mudar o mundo (...) a raça humana está imbuída de paixão...”.
Manda os alunos rasgarem todas as páginas da introdução do livro. Outras
palavras do professor: “O poderoso jogo da vida continua e você pode contribuir
com o verso."
No almoço, o Sr. Keating
é, pelos seus métodos, repudiado por um irônico professor. Vejamos o final do
diálogo, o outro diz: — Mostre-me um coração livre de sonhos tolos e lhe
mostrarei um homem feliz. E Keating responde: — Só nos sonhos o homem livre
será.
Mais palavras, em sala de
aula, do Capitão, meu Capitão: “Os poetas tentam sugar a essência da vida, a
magia (...) somos enfraquecidos pelo tempo mais fortes na vontade (...) quando
pensar que sabem algo vejam de outra maneira, libertem-se...” Subiu à mesa (bureau) e convidou os alunos a
subirem também em suas carteiras escolares.
É descoberto o anuário da
“Sociedade dos Poetas Mortos”, e se começa a vivenciar a nova Sociedade
de Poetas Mortos. Os
rapazes passam a se reunir na antiga caverna, exaltando a poesia...
Um aluno irreverente
publica um artigo (pede garotas) no jornal do colégio; denuncia-se
sarcasticamente e ele vai à palmatória, mas não é expulso do colégio. O
Capitão, meu Capitão lhe diz: “Deve-se usar a ousadia com sabedoria.”
Uma situação de repressão:
Neil, um dos rapazes da Sociedade, é reprimido pelo pai, que exige dele o
abandono da peça de teatro em que iria participar. Neil conversa com o
professor Keating. O professor fala que ele não deve representar, deve
conversar com o pai e dizer o que realmente quer, argumentar em defesa da sua
paixão.
Knox, outro pertencente à
Sociedade, procura a garota Cris. Ela diz: “Você está louco, lê um poema e me
entrega flores.”
Neil mente para o professor
e atua na peça, não contava com a chegada inesperada de seu pai. A peça foi um
sucesso, e seu talento do rapaz reconhecido, mesmo assim, o pai o repreende: afirma
que vai tirar Neil do colégio (Welton) e colocá-lo num colégio militar.
Knox parece convencer
Cris, assistiu à peça de teatro com ela e fez uns carinhos em sua mão.
Em casa, Neil não consegue
dizer a seu pai o que sente. A mãe de Neil aparenta sentir muito e compreender
o filho, mas é passiva. Durante a noite, Neil se mata com a arma do pai.
Todd Anderson, o mais
inseguro, parecia ser o mais novo, ficou muito revoltado, colocando a culpa no
pai de Neil.
Oh! Capitão, meu Capitão
olha o velho livro e lê o seguinte trecho: “Fui a floresta porque queria sugar
a essência da vida, eliminar tudo que não era vida... E não ao morrer,
descobrir que eu não vivi.”
O diretor da Welton vai
pôr a culpa em alguém, comenta o irreverente (Charlie). Charlie dá um murro no
“dedo-duro”, que denunciou a “Sociedade dos Poetas Mortos”. Charlie, Nuwanda (o
nome dele na Sociedade) foi expulso.
Knox é chamado à direção,
depois é a vez de Todd, que é pressionado junto aos pais a assinar um documento
que formaliza a saída do professor Keating do colégio.
Assumindo o lugar de
Keating, o diretor manda abrir o livro de Pritchard, mas cadê a página da
introdução? Quando ele pergunta o que é poesia, Keating entra na sala com a
finalidade de pegar alguns pertences. Todd não resiste, sobe à carteira
escolar, dizendo: “Oh! Capitão, meu Capitão, depois sobe Knox, depois Pitts,
depois Meeks, outros também sobem, inclusive alguns que não faziam parte da
Sociedade, dão as costas ao diretor, que fica simplesmente atordoado, não tinha
como impedir aquela doce transgressão.
E Keating (Oh! Capitão,
meu Capitão) encerra dizendo: “Obrigado rapazes.”
Um filme
simplesmente fascinante, uma lição de vida e de poesia
Estrelado
pelo ator Robin Willians, roteiro de Tom Schulman, Direção de Peter Weir, Sociedade dos poetas mortos deixa-nos extasiados,
mostra-nos o que é a vida e quem somos nós. É uma lição de liberdade. Outra
coisa: se desistirmos do sonho, nossa vida pode virar uma tragédia, e a paixão
é o combustível do sonho, inerente ao homem, e o sonho, o combustível da vida.
Um
enredo, aparentemente simples, abordado com genialidade. Prova que fazer cinema
é, acima de tudo, contar uma boa história. O filme tem uma “pitadinha” de
Arcadismo, no sentido de se buscar a natureza, ou seria Romantismo? Não importa.
E o rapaz, talvez, o mais tímido, o mais inseguro, foi o grande Poeta do filme,
porque ele foi todo coração.
As
personagens (os rapazes) vivenciam uma época preconceituosa, mais do que hoje,
num regime de colégio altamente tradicional. Lembraram as virtudes e defeitos
dos humanos. O filme passa-nos a mensagem da transgressão em busca do sonho, quebrando
os padrões que aprisionam o homem.
“A
Sociedade dos Poetas Mortos Mais do que Vivos” grita: a Poesia não pode ser
medida, e o homem precisa ter ideias, agir para mudar o mundo, tentar ser
verdadeiro, viver estes poucos momentos chamados de vida, e que o homem parece
esquecer. Subir (na carteira escolar, por exemplo) pode significar ter uma
visão ampla, a visão dos pássaros, tentar uma percepção diferente. Keating nos
remete ao filósofo Sócrates: “Tudo que sei é que nada sei”, exatamente no
momento em que diz: “Quando pensares saber alguma coisa, tente ver de outra
maneira.” E chama os alunos a ter essa mesma visão, e assim as visões estão
unidas em diferentes corações e mentes para agir em busca do sonho.
Uma frase nos leva a pensar... fiquemos com ela:
“Fui à floresta porque queria
sugar a essência da vida,
eliminar tudo que não era vida...
E não ao morrer, descobrir que eu
não vivi.”
Síntese do filme Sociedade dos Poetas Mortos, João
Lover, 2003.
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