Revisão de texto Coerência e coesão Escrever: técnica e arte

Revisão de texto Coerência e coesão Escrever: técnica e arte
Livro imprescindível aos(às) profissionais do texto: escritor(a), revisor(a), professor(a), jornalista, jurista...

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

O que é LITERATURA?

Digo que os grandes artistas da humanidade, em matéria de arte literária, são os que se fizeram entender. Como diria Olavo Bilac: “A graça na simplicidade.” Não existe esse negócio de escrever ou fazer verso do inconsciente: se fosse assim, qualquer um seria poeta ou escritor (muita gente pensa que é). Tudo vem da mente do homem (do conhecimento, da inteligência, da capacidade de criação). O que pode vir do inconsciente é a inspiração, como a criação é inexplicável. Uma das obras-primas da poesia é o “Soneto de fidelidade”, de Vinícius de Moraes, e é muito fácil entendê-lo. Tudo parte da ideia: é necessário apresentá-la, desenvolvê-la e dar um fechamento. Muita gente solta palavras ao vento achando que é poesia (deve haver conexão, substância e imagética). É bom lembrar: o que escrevemos se destina ao leitor. Há escritores que escrevem o que só serve para a ilusão de si mesmo (não sabem o quanto é terrível o leitor não interagir conosco).

Não se prova nada sem o exemplo. Vamos analisar: pegue 100 (cem) poemas de um poeta qualquer, selecione 5 (cinco) supostamente bons e saiba dizer por que são bons, ou seja, o que o poema me diz que o faz um poema de qualidade (que argumentos usar?). Duvide de artistas que escrevem o que ninguém entende, pois, muitas vezes, eles não sabem o que escreveram. O escritor/poeta sabe o que escreve.

A literatura concentra três cargas enérgicas: ou ensina, ou conta uma história inesquecível, ou causa encanto, nesse caso, como diria Mário Quintana: o texto nos lê. Isso é literatura, o resto não serve, é mera vaidade ou idiotice. Existem duas coisas fundamentais: 1. o escritor estar pronto; 2. o leitor estar também preparado para conhecer o texto nas múltiplas possibilidades (isso só a sabedoria pode permitir). O importante é o que o texto diz. Levem-se em conta conhecimento, técnica, criação e talento (esses dois últimos são inexplicáveis). E não se pode fugir de verdades gerais e operativas, é doloroso, mas é necessário e primordial caminhar no trilho da coerência.

          João Lover   
         15/12/2015

sábado, 12 de dezembro de 2015

Pedaço da felicidade

Compasso do tempo implacável
Tudo passa... e o que vale?
Tudo que você me fale
e uma verdade impecável
não vão convencer-me.
Não vou arrepender-me
de tudo que é sentimento...

E vida é o momento:
esse pensamento antigo,
não importa o prejuízo
se a intenção é boa.
E o prazer é o sorriso
que está noutra pessoa.

E o melhor dos feitos
é o que fizemos juntos
que pode ser o assunto
proveniente do deleito
que afigura saudade
e sensação de viver:
um meio de se ter
pedaço da felicidade.

    João Lover
    10/12/2015

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Ferreira Gullar: uma tradução de Poeta

O poema a seguir é inspirado na poesia de Ferreira Gullar, que fez TRADUZIR-SE, que foi musicado por Fagner. O texto é um dos maiores deslumbramentos de toda a literatura, sedimenta-se em metalinguagem. 

Ferreira Gullar. Feliz Aniversário! És um poeta límpido. Tenho a alegria de ser contemporâneo de ti: poeta MAIOR. Segue o texto que fiz, em cores: ele se atreve a tentar traduzir TRADUZIR-SE.


Cores de “Traduzir-se”

Os versos de Ferreira Gullar
extravasam essa dualidade
que atua na dinâmica do ser.

A fusão de duas partes
pode representar um produto:
encanto, Poesia, Arte.
“Será Arte?”

Por analogia em cores,
a parte da vertigem é o vermelho,
a parte da linguagem é o verde:
vermelho, sangue, emoção;
verde, esperança, fantasia.
Assim, sentir, sofrer, vibrar,
“traduzir-se”, sonhar, fazer...
Como diz o Poeta:
“é uma questão de vida e morte.”

As cores se encontram
provocadas por um raio de Luz
“que chega de repente”
e forma um espectro colorido
que salva o mundo,
visualizado pelo prisma do leitor,
que se sente, nesse momento,
traduzido pela Arte.

domingo, 16 de agosto de 2015

Luana, Feliz Aniversário!

LUANA REGINA FERREIRA

Luz, encanto e sorriso...
Ultrapassa com a sua sabedoria.
Aumento infinito da alegria,
Nave que carrega o que acredito
Além da inesgotável fonte...

Renovação da minha esperança,
Eleva-se (o brilho do horizonte)
Gerando o calor dum abraço criança.
Impressiona como professora
Numa paz segura que avança
Atacando em ação promissora.

Faz que eu busque lutar,
Encara destemida o desafio.
Rima que vivo a sonhar
Ressoando melódico assobio.
Está sempre no meu pensamento
Inspirando-me a saber vencer,
Reforço meu de cada momento,
A emoção que conduz meu viver.

         João Lover
                   16/08/2015

domingo, 24 de maio de 2015

Dica da Língua Portuguesa nº 18: REDUNDÂNCIA e pronome ONDE

Novela ALTO ASTRAL: capítulo que foi ao ar no dia 23/04/2015.

A personagem Seu Vicente falou: 

"Um acidente que aconteceu há 15 anos atrás, onde morreu meu filho."

Observa-se um pleonasmo (um reforço desnecessário): "... há 15 anos atrás,". O verbo "haver" já indica tempo decorrido, tem o mesmo valor de "faz" e fica, em casos semelhantes, sempre na terceira pessoa do singular. Então, o "atrás" é redundância.

Outra questão é o pronome "onde": só deve ser usado na indicação de lugar. O acidente não é um lugar, mas um acontecimento fatídico, sinistro. O pronome "onde", nesse caso, provoca uma séria ambiguidade. Do jeito que está escrito, nós entendemos que o filho dele havia morrido antes do referido acidente...

Façamos a frase de forma objetiva"Um acidente que aconteceu há 15 anos, no qual morreu meu filho."

sábado, 28 de março de 2015

O espelho

O teu retrato diante do espelho
dá a ti mesmo o conselho,
fala-te a verdade.

Sem dúvida nenhuma,
não podes fugir de alguma
que ora tentas esconder.

Impossível se enganar...
ficas a te dizer...
Mesmo se tentares...
é inevitável se ver.

Se te enganas,
não estás consolado,
enganando a ti mesmo,
sem crença és enfermo,
há muito estás desenganado.

     João Lover
              1995 (do livro Infinito Prazer)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Dica da Língua Portuguesa nº 17: MONOSSÍLABO – tônico; átono

Vamos observar a diferença entre as duas frases a seguir:

1.    Ele vai por onde?

2Ele vai pôr onde?

Se analisarmos o aspecto físico, a diferença é apenas o acento diferencial circunflexo. Acerca da questão morfológica, diríamos: na frase 1, o por é preposição; na frase 2, o pôr é verbo. Sobre a significação, verifica-se o contexto frasal, nota-se que os sentidos das frases 1 e 2 são diferentes.

Em relação ao fator tonicidade, o por (sem acento) constitui-se um monossílabo átono; e o pôr (com acento) representa um monossílabo tônico.

Para classificar um monossílabo em tônico ou átono, ou seja, para perceber a tonicidade, é necessário pronunciá-lo numa sequência de palavras. O monossílabo átono se apoia sempre em outro vocábulo (divide a sonoridade); o monossílabo tônico é autônomo (a sonoridade dele é independente). Agora, façamos o teste: pronunciemos as duas frases acima (1 e 2). Há uma diferença de força ao pronunciarmos o por (preposição) e o pôr (verbo).

Depende do contexto o monossílabo ser tônico ou átono. Exemplo: que, se pronome relativo (não antecedido de preposição nem seguido de pausa) ou conjunção integrante, é átono. E quê, se for substantivo e se compuser o advérbio interrogativo em fim de frase, é tônico. Vejamos: Ele sabe que a eufonia trata-se do bom som.; “Meu bem querer tem um quê de pecado...”

Lembramos: o que define a tonicidade não é o acento gráfico, e sim a pronúncia numa relação entre palavras e a independência (ou não) no que se refere à sonoridade. Exemplos: vem, vêm, tem, têm (todos são monossílabos tônicos).

Os monossílabos correspondentes às classes de palavras substantivos, verbos, adjetivos são sempre tônicos.