A menina e o engraxate,
uma noite, já tarde...
fazem brilhar os sapatos...
Tristonhos os olhares...
Nos cabelos, a poeira.
Era uma sexta-feira,
eu bebia, na praça,
nossa velha cachaça
e dizia besteiras.
Relembrei uns dias atrás:
minha infância, meus ais...
sem nenhuma ação no momento,
ensaiei alguns lamentos...
Onde está a solução?
Cinquenta centavos numa mão
pus para ver um sorriso,
fato este ocorrido:
mudança não definitiva...
Já não há alternativa,
saída para essa gente
de um sofrer tão deprimente,
quase sempre toda a vida...
Bem perto estamos nós.
E Eles... estão sós.
Ah! Essa nossa crueldade!
Somos covardes em falsidade,
só olhando os esquecidos,
que vão sendo excluídos
no nosso tempo implacável,
sem oportunidade, ser sorte.
Quem será o miserável!?...
Inocentes tristes e fortes
ainda sonham com a vida...
Mais uma noite sofrida
numa sociedade de morte.
João Lover
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