De um Pedregulho-MG (Itabira-MG), nasce (31/10/1902) alguém de alta sensibilidade e rara inteligência, como são os grandes mestres da literatura. Esse mago das palavras (que coincidência!) veio ao mundo no “Dia das Bruxas”. Uma pedra permite esse caminho, e “tinha uma pedra no meio do caminho...”, e há uma Poesia que nos salva.
Quem se predispõe a pensar e a beber conhecimento (filósofos, poetas, pensadores...), deveras, vai sofrer e sedimentar-se numa visão pessimista do mundo social. Assim, é Drummond, que vai do profundo lirismo introspecto: memória, saudade, amor às observações cotidianas, engajamento, tempo presente. Ele, indiscutivelmente, vivenciou o seu tempo, não deixando escapar nada de sua genial percepção, transformando todo o seu “sentimento do mundo” nessa força suprema que podemos chamar de sua linguagem. Como diria Ferreira Gullar: “Traduzir uma parte na outra parte / é uma questão de vida e morte...”
Hoje é um dia especial: dia de Luz na mais nítida acepção da palavra! Seriam muitas teorias e ensaios sobre a luta do Poeta “contra” o eu-lírico transcendental, de uma originalidade somente traduzida nos grandes sábios... Então, vamos curtir alguns versos de Drummond:
“Meu mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.”
“O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.”
“Chega mais perto contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?”
“Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.”
“Eu preparo uma canção
que faça acordar os homens
e adormecer as crianças.”