Você, Gilberto Gil, é um gênio que me influencia, do qual tenho a sorte de ser contemporâneo. Gil, vai do coração uma tradução de você. Um abraço grande! Feliz Aniversário!
Aqui, o meu pensamento... quem sabe, o nosso. Vamos juntos vivenciar Poesia. Se passeares neste Blog, certamente, vais encontrar algo que se identifica contigo. Apresento, ainda, Dicas da Língua Portuguesa, comentários e crônicas.
domingo, 26 de junho de 2022
quarta-feira, 1 de junho de 2022
O porquê substantivo, em discussão
Sabemos que os determinantes do substantivo são o artigo, o adjetivo, o pronome e o numeral. Essas palavras podem substantivar qualquer outra, nesse caso, antecedem o vocábulo determinado. Exemplo: Diga-me o porquê de sua decisão (a palavra “porquê” está determinada pelo artigo “o”). Mas o que define a substantivação NÃO é a palavra estar antecedida pelo determinante. A substantivação é indicada pela função sintática do vocábulo. Portando os teóricos estão equivocados quando afirmam que o “porquê” substantivo sempre surge precedido de determinante. Veremos a seguir teóricos em contradição com frases as quais acompanham os próprios exemplos. Primeiro relembremos as funções sintáticas dos substantivos: sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal, aposto e agente da passiva (essas palavras apresentam-se como núcleo do termo). Vejamos exemplos extraídos de frases abaixo constantes nas gramáticas dos teóricos citados a seguir e exemplos verificados no poema Os porquês... (de João Lover):
1. Porquê é substantivo; significa o motivo, a
razão. (José De Nicola & Ulisses Infante)
2. Note, pelo último exemplo, que a forma porquê pode
ser empregada no plural. (Mauro Ferreira)
3. O motivo, chamam-no de porquê. (João Lover)
4. O enigma é porquê. (João Lover)
5. A palavra porquê nos provoca. (João Lover)
Nos exemplos acima, observa-se que nenhum dos porquês tem
determinante anteposto. Função sintática pela numeração: 1. sujeito; 2. aposto;
3. predicativo; 4. predicativo; e 5. aposto.
Nas tabelas abaixo, declarações e exemplos verificados nas
gramáticas:
José De Nicola & Ulisses Infante |
Porquê é
substantivo; significa o motivo, a razão. Vem sempre
acompanhado de palavra que o caracteriza (artigo, pronome, adjetivo,
numeral): Deve haver
um porquê convincente para tal comportamento. (José De
Nicola & Ulisses Infante, Gramática Contemporânea da língua portuguesa,
São Paulo, Scipione, 1997, p. 414) |
Mauro Ferreira |
Porquê Essa
forma é empregada com o significado aproximado de razão/motivo. É
sempre precedida de artigo ou pronome. Exemplos: Ninguém
sabia o porquê da demissão do gerente. Não
houve um porquê específico para ele abandonar o projeto. Eles
nos traíram, mas jamais saberemos o porquê. Desconfiado,
ele nos interrogou com muitos porquês. Note,
pelo último exemplo, que a forma porquê pode ser empregada no plural. (Mauro
Ferreira, Aprender e praticar gramática, São Paulo, FTD, 2007, p. 42) |
Faraco & Moura |
— Não
me interessa o porquê de sua ausência. Porquê é um substantivo. Equivale a causa,
motivo, razão. Note
que o artigo precede o porquê, neste caso. (Faraco
& Moura, Gramática, São Paulo, Ática, 2000, p. 100) |
Leila Luar Sarmento |
Porquê Emprega-se
como substantivo, precedido de artigo ou pronome. Equivalente a motivo,
causa, razão: Ignoro
o porquê de sua partida. A
ministra mencionou outro porquê da mudança de horário. (Leila
Luar Sarmento, Gramática em textos, São Paulo, Moderna, 2005, p. 73) |
Pasquale & Ulisses |
A forma
porquê representa um substantivo. Significa “causa”, “razão”, “motivo” e
normalmente surge acompanhada de palavra determinante (artigo, por exemplo).
Como é um substantivo pode ser pluralizado sem qualquer problema: Dê-me ao
menos um porquê para sua atitude. Não é fácil
encontrar o porquê de toda essa confusão. Creio
que os verdadeiros porquês mais uma vez não vieram à luz. (Pasquale
& Ulisses, Gramática da língua portuguesa, São Paulo, Scipione, 2003,
p. 530) |
Luiz Antonio Sacconi |
A
conjunção aparece, às vezes, substantivada ou como sinônima de motivo,
razão; nesse caso recebe acento. Ex.: Aprendemos
um porquê, podemos aprender todos os porquês. Ninguém
sabe o porquê de ela ter feito isso. (Luiz
Antonio Sacconi, Nossa gramática: teoria e prática, São Paulo, Atual, 1994,
p. 47) |
Nota-se que as afirmativas coerentes são a de Pasquale & Ulisses e a de Sacconi.