Digo que os
grandes artistas da humanidade, em matéria de arte literária, são os que
se fizeram entender. Como diria Olavo Bilac: “A graça na simplicidade.” Não
existe esse negócio de escrever ou fazer verso do inconsciente: se fosse assim, qualquer um seria poeta ou escritor (muita gente pensa que é). Tudo vem
da mente do homem (do conhecimento, da inteligência, da capacidade
de criação). O que pode vir do inconsciente é a inspiração, como a criação é
inexplicável. Uma das obras-primas da poesia é o “Soneto de fidelidade”, de Vinícius de Moraes, e é muito fácil
entendê-lo. Tudo parte da ideia: é necessário apresentá-la, desenvolvê-la e
dar um fechamento. Muita gente solta palavras ao vento achando que é poesia
(deve haver conexão, substância e imagética). É bom lembrar: o que escrevemos
se destina ao leitor. Há escritores que escrevem o que só serve para a ilusão
de si mesmo (não sabem o quanto é terrível o leitor não interagir conosco).
Não se prova
nada sem o exemplo. Vamos analisar: pegue 100 (cem) poemas de um poeta
qualquer, selecione 5 (cinco) supostamente bons e saiba dizer por que são bons,
ou seja, o que o poema me diz que o faz um poema de qualidade (que argumentos usar?). Duvide de
artistas que escrevem o que ninguém entende, pois, muitas vezes, eles não sabem
o que escreveram. O escritor/poeta sabe o que escreve.
João Lover
15/12/2015