Revisão de texto Coerência e coesão Escrever: técnica e arte

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sábado, 11 de fevereiro de 2017

Dica da Língua Portuguesa nº 20: Renata Vasconcellos: o “engasgo” – sobre ALZHEIMER – Jornal Nacional, 10/02/2017

Admiro a jornalista Renata Vasconcellos pela segurança e pela dicção perfeita. Sem dúvida, ela é símbolo  de competência, sobra em qualidade, por isso é âncora do jornal de maior audiência do país: o JN, da Globo.

E você me pergunta: e o “engasgo”? Aonde quero chegar? Quero chegar ao RITMO e a EUFONIA do discurso (ou da fala). O fato: a jornalista iniciou a manchete: “O teste que diagnost... Epa!...” Depois, consegue (imediatamente) concluir: “O TESTE QUE DIAGNOSTICA O ALZHEIMER EM MEIA HORA”

Esse lapso de apresentação NÃO foi culpa de Renata! Vamos condenar severamente quem escreveu a manchete. Ela tomou um susto, ou seja, como alguém pode fazer uma redação tão TRAVADA (desagradável a qualquer ouvido).

Ritmo e eufonia são ganhos de tempo e massagem pros ouvidos. Valem algumas explicações entoacionais, fonológicas e melódicas: 1. Colisões de /tt/ e de /mm/ já são dois defeitos; 2. Vamos aos freios (/k/ /g/, /n ɔ s/, /k/ /y/ e /rr/). Lembremos a manchete, vou destacar os grafemas: “O teste que diagnostica o alzheimer em meia hora”. Não há suportador de trava-línguas que resista. Além disso, observamos a prosopopeia desnecessária: teste não diagnostica nada, apenas, depois do teste, é apresentado o resultado que chamam diagnóstico.

Essa manchete é um absurdo. E Renata Vasconcellos é simplesmente demais.

Para o redator/editor, seja lá quem for, estou com raiva dele, deixo uma sugestão de manchete, ou melhor, de cortada: O diagnóstico do alzheimer em meia hora.