Revisão de texto Coerência e coesão Escrever: técnica e arte

Revisão de texto Coerência e coesão Escrever: técnica e arte
Livro imprescindível aos(às) profissionais do texto: escritor(a), revisor(a), professor(a), jornalista, jurista...

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

A metade da lua

A lua sobre a estação
tava faltando um pedaço.
lembrei do meu coração,
também havia um espaço.

O vazio em metade,
um sofrer tão ardente,
uma saudade somente,
a tristeza que invade...

E se fosse doutro jeito?
A vibração no peito:
estarmos juntos vendo a lua.

Mas o destino tem moda sua;
e eu flutuo aqui na rua,
e produzo imagens numa tela,
traduzindo a Deusa nua,
e apenas vejo a lua,
e vivo pensado nela.
     João Lover

      12.10.1998, do livro O olhar impossível...

domingo, 16 de novembro de 2014

Poema dedicado a IRMÃ DULCE

Dulce: Dulcíssima Luz

O sabor que tira a amargura
leva o nome da Candura...
Uma energia, um alimento,
a saída dos tormentos
pros miseráveis e enfermos,
quando não há meio termo,
e as dores, o extremo...

Desmedidas ações benevolentes
socorrem os menos favorecidos,
que vão sendo protegidos
nos momentos mais pungentes.

Irmã Dulce: a garantia,
a última chance, o abrigo,
a esperança, a alegria,
o consolo e o alívio...

No silêncio do olhar,
um propósito e a firmeza...
Com a saúde a desejar,
e uma enorme fortaleza.

Irmã Dulce: um mistério
daqueles que não hesitam
se o caso é o remédio
pr’aqueles que necessitam...

E essa Joia tão rara,
como Francisco e Clara,
Antônio e Teresa de Calcutá,
desprendeu-se de sua vida
dedicando-se na lida
de muitos irmãos salvar.

Ao agir, além de orar,
ensinou-nos, com ternura,
esta lição mais pura:
ao semelhante amar...

Um exemplo a se mirar,
e a humanidade não segue
se aos desejos entregue,
não sabe mais caminhar.

Dulce! Há uma sorte
de quem conviveu contigo,
sentiu teu abraço amigo
e o teu coração forte...
Quem viveu desse carinho
jamais se sente sozinho
e encontra o seu norte...

És Bendita Luz Divina,
uma Paz que nos domina,
simplesmente, uma Santa.

A emoção é tanta
se penso no teu sorriso:
vento leve que balança,
brilha e sopra infinito...

És tudo que nos ensina
um sublime dividir,
pra sermos do bem a mina
num fazer que nos anima
e que vai-nos redimir.

Não sei quem é que merece
da tua messe a bonança...
és poderosa e bem mansa,
supra impulso protetor,
sei que atendes o clamor
duma prece que te alcança.

       João Lover

segunda-feira, 14 de julho de 2014

O que vi da Copa de 2014

1º – Fui a Salvador e assisti ao jogo Espanha 1 x 5 Holanda. Uma tristeza, porque, junto com meu filho, vi um dos grandes gênios da bola: Iniesta perder o jogo. Queria muito ter o privilégio de ver esse jogador atuar... O placar não representa o que foi o jogo... No cômputo geral, Iniesta não decepcionou, apesar de tudo, nessa Copa, ainda distribuiu alguns passes magistrais (assistências) e jogou com a habilidade e a inteligência de sempre.

2º – Apresenta-se, ao mundo, mais um craque de bola: o colombiano James Rodrigues, que fez dois dos gols mais bonitos da Copa e é o artilheiro, fez 6 gols (chuteira de ouro). Considero o gol que ele fez contra o Japão o mais bonito de todos dessa Copa: o camisa 10 colombiano recebe a bola, na entrada da grande-área (perto do bico, pela esquerda)), já dentro, chega um defensor japonês, James corta com perna esquerda para o lado de dentro e, quando o defensor se move, ele corta com a perna esquerda pra fora, e o defensor leva uma queda; nesse momento, aproxima-se o goleiro, que é vencido com um leve toque: a bola passa por cima dele e morre dentro da meta, golaço. Esse gol faz lembrar Pelé, Garrincha, Joãozinho do Cruzeiro, Reinaldo do Atlético Mineiro, Paulo César Caju... Num gol como esse, surgem o talento e magia genial do improviso: o mérito é todo do atacante, que conduz a jogada a seu modo (nessa hora o futebol é poesia). Não há falha, nem do defensor, nem do goleiro, não havia nada que eles pudessem fazer diante da perfeição do improviso. James, simplesmente, fez o japonês acreditar que ele iria para o centro da área, mas o camisa 10 encontra o espaço com novo corte para o lado, e existe tempo suficiente para encobrir o goleiro e espaço para que bola passe e adormeça na rede: isso é Futebol Arte.
  João Lover

Amanhã, o número 2.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Dica da Língua Portuguesa: Risco de morte ou risco de vida?

MANCHETE DO SITE MSN, em 27/05/2014:


Velho Lobo, 82 anos, não corre risco de morte.

Já vimos, numa dica anterior, que, tecnicamente, em relação à Língua Portuguesa, não há "risco de morte". Conforme a lógica gramatical e a coerência do discurso, "risco de morte" é simplesmente inconcebível. 

Gramaticalmente correto: risco de vida e risco de morrer. A explicação sobre isso encontra-se na Dica da Língua Portuguesa nº 14, postada em maio de 2013.

Alguém, é claro, pode pensar diferente. Caso isso ocorra, vamos ver se consegue argumentar...
   João Lover

sábado, 26 de abril de 2014

Discussão sobre a emoção

Alguns teóricos afirmam que (pela capacidade, preparo) o intelectual, catedrático, etc. sente uma emoção diferenciada ao se deparar com o texto.
Uma questão polêmica: procurar distinção para a emoção. Será que existe emoção comum ou incomum? A emoção pode-se traduzir como vida; e vida é vida, independente de qualquer entendimento maior. Um intelectual ou um singelo cidadão, acredito que se deva emocionar para realmente viver...
A emoção, quando acontecer, em relação ao efeito, não há diferenciação: alguém vai emocionar-se pura e simplesmente porque algo aconteceu para que houvesse esse estado emocional.
No caso de alguém se emocionar ao se encontrar com a poesia, esse pode ter mais capacidade de descobrir coisas indeléveis (qualidade, literariedade, ensinamento, etc.) e emocionantes na literatura, e, certamente, todos possuem a capacidade de se emocionar. Como diz o pensador: “O problema é o sentido.”; eu acrescento a ilusão e a vaidade de cada um... Já se sabe que vamos morrer buscando o sentido.
Se as pessoas são diferentes, podemos tomar as emoções como “diferentes”, apenas nesse sentido. E se as pessoas sentem as mesmas coisas, então, as emoções são semelhantes. Vida e emoção: uma coisa não vive sem a outra... A sabedoria pode ser um diferencial, mas o sentir traz a Luz, a vibração e harmonia da igualdade que, quase sempre, nunca acontece.
João Lover (14.11.2003)

sexta-feira, 21 de março de 2014

Ao maior de todos os pilotos – Ayrton Senna

Senna!

Os ídolos não deveriam morrer.
São iluminados,
nos deixam acostumados:
simbolizam o que chamamos vencer.

Propiciam incompensáveis emoções.
Queremo-los para sempre,
pois realizam direta e indiretamente
sonhos e ilusões...
Fazem delirar os corações,
inspiram gerações.

Tu és o melhor!
Infinitivamente sem limites,
em milésimos de segundo,
anos-luzes de emoção,
representas determinação e vitória,
triunfante trajetória,
inigualável proporção,
belíssima página da história,
sinônimo de glória,
orgulho e amor de uma nação.

Na verdade, não morreste.
Fica viva a lição...
E, de súbito, sem explicação,
Tu que me fizeste tão feliz
foste embora nesse "triz",
e, entristeceu meu coração...

 João Lover, poema do livro "Infinito Prazer" (1995)

O Rei da chuva: a chuva fazia festa; olhar sereno, de homem que concentra sentimento, caráter e bravura;
toda nobreza e emoção de um campeão na mais suprema acepção da palavra. Esse é Ayrton Senna: ídolo mundial e de todos nós; um dos maiores orgulhos da Nação brasileira. Hoje, ele faria 54 anos de idade.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

DISCURSO DE FORMATURA DO CURSO DE LETRAS DA FAMASUL SEMESTRE – 2, ANO DE 1998 (revisado em 21/02/2014)

Ciências Humanas, Ciência das Letras. Até que ponto somos humanos? Para que somos letrados? É preciso refletir e se dar conta das palavras do Poeta Djavan: “Aprendi o quanto é importante fazer.” E, quando você fizer, diga: eu fiz; bem-aventurados os que têm coragem, ousadia e fé.
    Inicialmente, ainda pequenos, começamos pelo abecedário, depois unimos as letras, fomos juntando as sílabas, formamos as palavras, construímos as frases, fizemos os textos. Esses mesmos textos são as Luzes, as ideias aflorando, eclodindo para uma dimensão externa, interligada a nós, e tudo se globaliza, integraliza-se nesse jogo sintático-semântico, do qual não podemos fugir.
    Em 1995, viemos à Famasul iniciar o Curso de Letras; pessoas de diferentes cidades  se encontram em primeiro período para seguirem juntas o caminho do terceiro grau (o curso superior). Fomos inexoravelmente conhecendo, trabalhando, sofrendo, sorrindo com todos os parâmetros disciplinares em que fomos envolvidos. Vivenciamos disciplinas básicas, como as gramaticais de Língua Portuguesa, ou alguma outra coadjuvante, mas todas, indubitavelmente, importantes e por que não dizer necessárias.
    As técnicas gramaticais de Língua Portuguesa são imprescindíveis, pois o idioma Português nos acompanha durante a vida inteira, e devemos empregar a norma culta nas situações adequadas com habilidade; não que o padrão da língua seja a essência do discurso para quem fala, ou escreve. Um pergunta: devemos ficar presos a esse padrão? Temos a obrigação de conhecê-lo e, a partir daí, seguir viagem no universo infinito da linguagem e na dinâmica de suas variantes. Sobre dificuldades em aprender a Língua Portuguesa, diria que a Gramática tem como base a lógica, e, por falar em lógica, lógico que não é fácil, se é fácil, não tem valor; portanto, um dos nossos livros de cabeceira, necessariamente, deve ser a GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA PORTUGUESA.
    O Curso de Letras ainda nos conduz ao aprofundamento no campo da Literatura. Penetramos nos entrelinhas dos poetas, filósofos, escritores, enfim, homens e mulheres que fazem da palavra arte. Pessoas de um cosmo transcendental, iluminando a gente, trazendo-nos o real e a fantasia de uma maneira diferente, magnífica, espetacular, bela, fascinante, estonteante, alucinante etc. Aliterei (colidi) e rimei como poeta. Não devia, segundo a técnica de redação, podemos tudo, mas não esqueçamos que é preciso entender o sistema, a fim de que possamos usá-lo da melhor maneira possível, criando, inovando, formando o nosso próprio sistema.
    Junto a essas frações significativas, enveredamos nas trilhas das disciplinas: Latim (a língua mestra), vinda  de raízes do ramo linguístico Indo-Europeu – grupo itálico; Linguística com seus signos, significantes e significados; História da Língua Portuguesa; Filosofia; Sociologia; Teoria da Literatura; Didática; Estrutura; Técnica de Redação; Metodologia Científica; Psicologia; e também outro idioma – a Língua Inglesa, hoje, é essencial o seu conhecimento, pois é a língua que está comandando o mundo contemporâneo. Não devemos esquecer nossas origens, mas, atualmente, saber Inglês torna-se necessidade precípua. As disciplinas de Prática de Ensino, talvez chatas, no que diz respeito ao material exigido, são fundamentais para a aquisição de confiança no desempenho do futuro profissional do ensino.
    Aqui, na Famasul, convivemos 4 anos, bem vividos, nossa turma, bastante participativa e, colocando a modéstia de lado, nós temos valores! Daqui, eu posso vê-los claramente. Alunos que realmente queriam estudar, desejavam conhecimento, buscamos isso a todo instante e estamos premiados. Conheci de perto aqueles mais aproximados: o que me faz, hoje, feliz e triste ao mesmo tempo; outros não tão próximos, mas talvez haja outra oportunidade. E como diria Milton Nascimento e Fernando Brant: “Qualquer dia, amigo, a gente se encontra.” Quem sabe?
    Trabalhamos com alguns excelentes professores, outros não exatamente espetaculares e outros que precisam fazer a coisa de maneira diferente. Nunca deixo de falar o que penso, pois não tenho medo. O nosso curso de Letras vai de regular para bom... É preciso direcionar o prisma para um ângulo diverso, para que se possa dar um salto significativo em relação ao ensino superior nesta Faculdade. Que se mude a filosofia de alguns professores e que a administração faça a seguinte pergunta a si mesma: o que devo oferecer ao aluno da Famasul para que ele consiga melhor se apropriar dos conteúdos e venha suscitar mudanças significativas para melhorar a sociedade? Respondida a pergunta, é só fazer, executar, pôr em prática, dar andamento, viabilizar etc.
    A conclusão do Curso de Letras é um somatório incomensurável em nosso currículo. Aprimoramos as técnicas gramaticais, a nossa interpretação, nossa expressão e, consequentemente, temos uma melhor opinião e uma visão crítica mais contundente. Agora, podemos agir, e que sejamos os agentes catalisadores da tão sonhada, utópica modificação.
    O agradecimento a Deus, pela oportunidade. O HOMEM TEM COMO PRÊMIO A EMOÇÃO, SUA CREDENCIAL É A SUA OBRA; E, UM DIA, TODOS PASSAM A SER COMO NO COMEÇO: NADA, PORTANTO, APROVEITE O SEU TEMPO, EMOCIONE-SE E FAÇA ALGUMA COISA!
    Agradecimento aos meus colegas de turma, sem eles, nós não seríamos nós. Agradecimento aos nossos professores, os mestres, aqueles que, na luta do dia a dia, nos esclareciam e nos traziam o conhecimento dentro dos sistemas disciplinares. Ficam, com alguns, fortes laços de amizade!
    Estamos agora habilitados e temos uma responsabilidade, não somente com a nossa vida, em mercado de trabalho etc., mas com a nação brasileira, principalmente, com a parte que estiver mais perto de nós (lugares e pessoas). Vamos tomar posição e agir, fazer luzir de todas as formas uma metamorfose, vamos criar um mundo novo, onde se possa viver feliz. Se pudermos dar essa contribuição, aí está nosso valor. Fazendo coisas assim, nossa vida sempre terá sentido. Vai ser sempre bom lembrar que um dia estivemos aqui!
        João Ferreira da Silva  – Poeta João Lover, em 09/01/1999.